C076
E é por aqui que me encontro presa à Terra. Nos postos de atendimento, nos serviços administrativos, em secretarias mal amanhadas.
Dentro da transparência plástica, trago os papéis que me vão traduzir o mais que me for permitido: nome completo, morada, data de nascimento, filiação, conta bancária, profissão, telefone um, telefone dois, fotografia de passe - uma que me descubra as orelhas mas não me explique os dentes. E este é o máximo de existência admíssivel.
Sentada num degrau, já sem ilusões que dêem vida a estas paredes cansadas, meço de antemão o apocalíptico drama burocrático que me aguarda lá dentro e penso que o que mundo quer de mim afinal, é só contar o tempo que eu estaria disposta a perder nesta escada de serviço. À espera, à porta, daquilo que pede que eu entre para poder então acontecer.
Fantasia? Um metro e vinte de balcão é alto.
2 comentários:
Voltou, voltou!
Saudade, pô.
meio ano depois :) seja bem vinda de volta.
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